Pr.
Gomes Silva
Certa
vez Jesus Cristo contou a parábola do joio e o trigo (Mateus 13:24-30),
afirmando que o inimigo havia semeado o joio no meio da plantação de trigo e
saiu. Então, vieram os discípulos e lhe perguntaram: “Queres, então, que o
arranquemos”? (v. 29). A resposta do Senhor foi simples: “Deixai que ambos
crescerem juntos até a colheita. Na época da colheita, direi aos que fazem a
colheita: Ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes para queima-lo; o trigo,
porém, recolhei-o no meu celeiro” (v. 30).
O estudioso Dennis
Allan (www.estudosdabiblia.net) faz
considerações importantes sobre o texto referido. Segundo ele, algumas pessoas
ensinam que esta parábola fala sobre a igreja, mostrando que os pecadores
convivem com os fiéis na igreja, aguardando o julgamento final de Deus. Mas tal
interpretação, segundo ele, contradiz a palavra do Senhor.
E justifica
dizendo que, “o próprio Jesus explicou a parábola, dizendo que "o
campo é o mundo" (Mateus 13:38). No mundo, os servos dele convivem
com os pecadores. Ele orou sobre os apóstolos: "Não peço que os
tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também
eu não sou" (João 17:15-16). Embora os servos dele sejam
santificados, não podem sair do mundo”.
Mas na igreja é
diferente. Quando o joio se manifesta entre o povo de Deus, deve ser arrancado.
Paulo instruiu a igreja dos coríntios sobre como resolver o problema de
imoralidade no meio da congregação. Ele usou palavras fortes para descrever a
atitude certa em relação ao irmão que volta e permanece no pecado: "...já
sentenciei...que o autor de tal infâmia seja...entregue a Satanás para a
destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor
[Jesus].... Lançai fora o velho fermento....agora, vos escrevo que não vos
associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou
idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador" (1 Coríntios
5:3-5,7,11). Paulo escreveu aos tessalonicenses: "Nós vos ordenamos,
irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande
desordenadamente..." (2 Tessalonicenses 3:6).
É bom ressaltar
que o mesmo Cristo que deixou o joio com o trigo no mundo, fortemente criticou
a igreja em Tiatira: "Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa
mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas
ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas
sacrificadas aos ídolos" (Apocalipse 2:20).
Paulo resumiu bem
a diferença entre a igreja e o mundo: "Os de fora, porém, Deus os
julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor" (1 Coríntios
5:13).
Em
sua análise sobre a mesma parábola, a estudiosa Gilda Carvalho (www.amaivos.com.br), ressalta que, por
serem parecidas, as sementes do joio e do trigo acabam sendo lançadas juntas no
mesmo campo. E juntas acabam por
crescer. O joio, porém, é uma planta que
sufoca as que crescem perto dela, impedindo seu desenvolvimento. O trigo, por
sua vez, é a semente que vai gerar o pão que alimenta corpo e alma. Se o joio não for arrancado a tempo poderá
estragar toda uma plantação.
Diz
ainda Gilda Carvalho: “Muitas vezes é necessário que cresça junto com o trigo,
pois o ato de arrancá-lo pode comprometer também a boa planta. Na colheita é
necessário separá-los e lançar fora o joio que de nada serve para o homem e
preservar o trigo que se tornará alimento”.
Mas
como tem sido o comportamento do joio no meio do trigo? Ele vive de várias
formas, deixando muita gente admirada com suas ações enquanto que outras
convivem com a dúvida sobre a sua conversão.
O
joio um dia está na igreja motivado, envolvente e mostrando-se uma pessoa
altamente espiritual (comunhão com Deus). No outro, desaparece; e quando surge
de repente sempre trai consigo um “caminhão” de situações conflituosas. Ele
senta geralmente entre o meio e à porta da igreja e sempre se incomoda com o
horário do culto ou com a mensagem que está sendo ministrada pelo pastor,
muitas vezes, alvo de suas críticas. Ainda como resultado de sua presença no
meio do trio, o joio geralmente se mete em confusão, causando divisão e
contenda no meio cristão.
O
pior é que, de vez em quando, esse joio se mete onde não é cabível ao trigo:
Vai a festas mundanas, se alia a quem tem uma vida contrária aos princípios da
Palavra de Deus, andam lado a lado com quem é desprezível pela sua opção de
vida e condena qualquer aversão a tais companheiros seus.
Em
conformidade com Gilda Carvalho, Joio e trigo são sementes que crescem juntas
no coração humano! Sementes que não podem, porém, ser misturadas sob pena de
uma sufocar a outra e, pior, a ruim sufocar a boa. É preciso, por isso, uma
constante vigilância, uma permanente escuta e leitura de nossa vida para
perceber qual a semente que mais cresce em nós. É fundamental, por fim, a
oração, via por onde Deus nos fala e nos aponta caminhos para descobrir as
condições ideais para crescimento da boa semente, afastando com sua mão
poderosa o temido joio. Possamos, pois,
produzir constantes frutos bons, alimentando os outros e semeando boas
sementes.
Mas não podemos esquecer
a exortação do apostolo Paulo: "Os de fora, porém, Deus os julgará.
Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor" (1 Coríntios 5:13).